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Sergio Cabral Fernando Bezerra |
RIO DE JANEIRO, (Reuters) - Diante da baixa utilização dos recursos disponíveis para
obras de prevenção e remediação de estragos provocados pelas chuvas, o
ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, e o governador do
Rio, Sérgio Cabral, defenderam nesta sexta-feira uma flexibilização das
exigências para obras emergências, após mais uma tragédia provocada pela
chuva no Estado.
Desde 2007, o Rio de Janeiro tem sofrido anualmente com as
chamadas chuvas de verão. Dos mais de 4 bilhões de reais
disponibilizados pelo governo federal e pelo próprio governo do Estado
para obras relacionadas a fenômenos naturais, apenas 1,5 bilhão foi
executado.
"É preciso simplificar as exigências. Elas travam a liberação de
recursos", disse o ministro, que defendeu a adoção do Regime
Diferenciado de Contratações (RDC) para a compra de equipamentos e
insumos para as obras emergenciais.
Pela legislação brasileira, uma obra emergencial já elimina a
necessidade de licitação para a sua contratação. Porém, há, segundo as
autoridades, outras exigências que afetam a emergencialidade da obra. Um
ponto criticado por ambos foi o prazo estabelecido por lei, de 180
dias, para a execução da obra.
"Os processos, infelizmente, têm que ser seguidos e enfrentar
questões ambientais, TCE, TCU", disse Cabral a jornalistas após encontro
com o ministro.
Como as obras de remediação e prevenção das catástrofes naturais
necessitam de estudos, projetos, planejamento e licenciamento ambiental,
muitas vezes o prazo de 180 dias se torna curto e a obra não sai do
papel.
Outro problema são as disputas judiciais. Em alguns casos,
desapropriações são contestadas na Justiça e embates entre Ministério
Público e procuradoria do Estado.
Segundo Cabral, há mais de 100 ações em que a procuradoria do
Estado teve que recorrer à Justiça porque a Promotoria defendia a
punição aos membros do Executivo que não cumprissem o prazo de 180 dias
previsto em lei.
O caso mais emblemático da demora na aplicação dos recursos
disponíveis acontece na realocação de moradores da Região Serrana
atingidos pelo temporal de 2011, que deixou mais de 900 mortos.
Até hoje, nenhum das mais de 6 mil casas previstas foi entregue
aos desabrigados. A primeiras 400 devem ser entregues a partir de abril
desse ano, segundo o governo. Alguns moradores recebem desde então o
pagamento de um aluguel social.
A chuva deste começo de 2013 já provocou duas mortes e deixou
diversos desalojados e desabrigados, principalmente na Baixada
Fluminense, Região Serrana e na Costa Verde.
Casas, ruas e avenidas foram inundadas por água e lama e vários
rios transbordaram. Houve ainda desabamentos de casa, deslizamentos de
terras, pedras e encostas e estradas foram parcialmente interditadas.
"Os números de 2011 para 2012 já mostram uma drástica redução de
óbitos no país e na população afetada, mas ainda não está bom. Sabemos
das deficiências nos Estados, municípios e na própria União", disse o
ministro Fernando Bezerra.
Em reunião nesta sexta-feira no Palácio Guanabara, Bezerra ouviu
demandas de vários prefeitos de cidades do Rio afetadas pela chuva, e os
primeiros recursos devem ser liberados para a cidade de Duque de
Caxias, a mais atingida.
De acordo com o meteorologista Celso Oliveira, da Somar
Meteorologia, há um alerta de chuvas fortes no Rio novamente para a
próxima semana, em especial para a Região Serrana.
(Por Rodrigo Viga Gaier; Reportagem adicional de Peter Murphy)