CNJ recua e apenas restringe patrocínio a eventos de juízes
Aprimoramento à beira-mar...
Eventos de juízes bancados
por empresas, com distribuição de brindes em resorts, são temas
frequentes no noticiário sobre a magistratura brasileira.
"Resorts não combinam em nada com o trabalho intelectual sério", afirma o ministro Joaquim Barbosa.
"Não vejo porque essa gana, essa sanha de participar de aprimoramento em resort. Não há aprimoramento algum", completa o presidente do STF.
Ainda assim, o CNJ recuou da ideia de proibir tribunais de receberem patrocínios privados em eventos de juízes.
E aprovou resolução mais branda, que permite patrocínios, desde que não ultrapassem 30% do custo dos eventos.
Ficaram dúvidas: por que não 20%? Ou - quem sabe... - 40%!...
O
CNJ recuou na última terça-feira (19) na intenção de proibir qualquer
tipo de patrocínio privado para eventos de magistrados. O conselho
aprovou uma resolução que impede a participação de juízes em eventos das
associações de classe patrocinados ou custeados por empresas e também
proíbe os juízes de receberem prêmios, brindes, auxílios ou
contribuições financeiras.
Mas...a resolução permite que eventos e
congressos promovidos por tribunais, conselhos de Justiça e escolas de
magistraturas recebam patrocínio de empresas de até 30% dos custos
totais.
O corregedor nacional de Justiça, Francisco Falcão, havia
apresentado neste mês uma proposta ao plenário sugerindo que fosse
vedado qualquer patrocínio privado, não só para associações. Os juízes
só estariam liberados para eventos pagos com recursos públicos ou
exclusivos de suas entidades de classe.
O texto ganhou a adesão
imediata de mais cinco conselheiros e outros dois indicaram que deveriam
aprovar, mas um pedido de vista de Carlos Alberto Reis de Paula adiou a
votação.
Esta semana, Falcão retirou a proposta inicial e
apresentou a nova - em conjunto com Reis de Paula. Ela acabou aprovada
por 10 votos a 5. Falcão e Reis de Paula avaliaram que a restrição total
corria risco de não avançar. O tema estava em debate desde 2011, levado
pela ex-corregedora Eliana Calmon.
Eles aproveitaram uma ideia
lançada pelo presidente do CNJ e do STF, Joaquim Barbosa, e colocaram a
previsão de 30% de patrocínio.
"A alegação foi que a proibição total, imediata, acabaria com todos os eventos existentes, alguns bem tradicionais", disse Barbosa, ressalvando que sua posição é pela "proibição total" - que, afirma ele, "virá no futuro".
Conselheiros
argumentaram que a ideia de permitir esse apoio privado parcial para os
tribunais é porque esses eventos costumam ter um cunho mais
institucional.
Eventos de juízes bancados por empresas, com
distribuição de brindes em resorts, já foram temas de reportagens da
imprensa nacional nos últimos anos.
"Resorts não combinam em nada com o trabalho intelectual sério", admite Joaquim Barbosa. Ele não vê o porquê "dessa gana, dessa sanha de participar de aprimoramento em resort - não há aprimoramento algum", completou.
Apesar do recuo, Barbosa e Falcão consideram a medida um avanço. "Esse
é um passo inicial e poderemos dar um passo mais adiante daqui a alguns
meses restringindo a tudo, mas isso talvez inviabilize os eventos
culturais que todos os países transparentes também têm" - explicou Falcão.