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Carta de um professor em greve, na cidade de Angra dos Reis!



Sou amigo de Moby desde os tempos da fundação do PT. Publico essa carta com toda a indignação possível. Se é uma prefeitura do PT, pouco importa. Não se pode agir assim. NENHUM prefeito. Nesse caso a Prefeita Maria da Conceição Caldas Rabha
Alberto Moby

Então, vamos lá. Não sei se você sabe, mas saí do PT em 1998. No entanto, por várias razões que não preciso explicar (assim como não preciso explicar por que saí), sempre tenho sido um apoiador crítico do partido. 

Aqui em Angra, depois de 12 anos de governos que transformaram a cidade, na década de 1990, tivemos também 12 anos de governos do PMDB (aqui, o PMDB representa o antipetismo). Depois desses 12 anos de PMDB havia chances concretas de uma candidata do PT ganhar. Eu, particularmente, torci o nariz pra uma coligação tipo saco-de-gatos, que, infelizmente, virou prática do PT, mas entrei na campanha.

Ajudei a redigir panfleto, fui a passeata, comício, dei depoimento pro programa na TV, o “escambau”. Eu tinha razão pra isso: a candidata tinha sido secretária de Educação numa época em que eu também trabalhei na SME e foi, na minha opinião, uma ótima secretária (acumulando, nessa época, o cargo de vice-prefeita). 

Fiquei amigo dela e, apesar de não gostar da coligação, com mais 13 partidos, achei que tinha que apoiar. Ela ganhou e todo mundo à esquerda na cidade se encheu de esperança. Eu mesmo, fui convidado pra ser o coordenador dos professores de História e aceitei. Só que em maio de 2014 eu já estava querendo sair... Lê aí, depois continuo.


Em maio, depois de já terem acontecido TRÊS greves na cidade, eu desisti de participar do governo e fui conversar com a prefeita, colocando todas as minhas insatisfações, dúvidas, críticas etc. 

A prefeita (acho que de má fé ou, no mínimo, por uma tremenda incompetência) me garantiu que todas as minhas reclamações tinham razão e que ela estava tomando todas as providências para que os rumos fossem corrigidos. 

Me convenceu a permanecer na Secretaria de Educação, onde eu acabei assumindo, em julho, um cargo mais alto, de gerente do Ensino Fundamental. Só que nada mudou e em novembro resolvi sair.

Agora, em março, na nossa data-base, depois de uma série de conversações que pareciam encaminhar as coisas pra um plano de cargos e carreiras mais decente, a nossa surpresa foi a de que o governo propunha reajuste... zero. Isso sem contar que desde junho do ano passado nossos salários têm sido atrasados. 

Nosso 13º saiu no dia 24 de dezembro (antes, saía uma parte no dia 20/11 e outra no máximo em 20/12). No mês de janeiro o salário foi dividido em três faixas, a última delas paga no dia 21/01. O argumento da prefeita é sempre o mesmo: "há uma crise nacional, nossa arrecadação caiu, estamos preparando uma grande reforma administrativa..."

A categoria resolveu entrar em greve no dia 1º de abril e de lá pra cá as "negociações" não avançaram um centímetro. Isso sem contar que ela, pessoalmente, nunca senta na mesa de negociações, sempre mandando o secretário de Administração, o chefe de Gabinete ou alguém do gênero. 

Fizemos uma ocupação de 3 dias na sede da prefeitura e, imediatamente, a prefeita entrou com um pedido de reintegração de posse, expulsando o pessoal. O grupo, então, ocupou a secretaria de Educação e, novamente, veio outra ordem judicial.

Isso é o modo petista de governar?

Mas não acaba aí. Um vereador safado do PCdoB (que aqui sempre foi oposição ao PT) divulgou um áudio de uns 19 minutos em que uma professora, ex-secretária de Educação em uma gestão e ex-subsecretária na atual e secretária de Ação Social pedia exoneração. Nesse áudio, a colega dizia que estava pedindo exoneração por não aguentar mais tanta falcatrua, tanta corrupção e fazia uma série de denúncias por escrito.

A prefeita, ao ouvir tudo (que, aliás, a colega afirmava já ter denunciado antes), disse que todas as sacanagens aconteciam por causa do "acordo com o Nacional", que ela não podia trair. 


A colega insiste: "Mas, Conceição, você prefere trair a sua dignidade?" E a prefeita insistindo em que não pode desfazer o acordo e, portanto, não tem como impedir os desmandos. A colega diz: "Mas você precisa se preservar! 

Qualquer dia ele (o vice-prefeito, atualmente no PDT) vai pro saco e você vai junto! É isso que você quer?" Não se sabe o que veio depois, mas a conversa é triste de ouvir. 

Pode imaginar o clima na cidade, né? 

O pior é que na greve atual, mais do que nas anteriores, os antipetistas fazem a festa! Eu (e vários outros companheiros) temos sido obrigados a cerrar fileiras, ombro a ombro, com a direita mais reacionária. 

A greve é parcial (acho que só uns 40 a 50% da categoria estão nela), mas entre os que mais têm se mobilizado, participando das assembleias e passeatas, distribuindo material, indo aos locais de trabalho está o pessoal mais conservador do funcionalismo. 

Eu (e muitos outros) estou num mato sem cachorro: se não participo da greve, traio os meus princípios e, além disso, deixo de mostrar as contradições do PT; por outro lado, participando, tenho que conviver com pessoas que, além de conservadoras, estão revoltadas e não conseguem fazer análise política de forma sensata...

Maria da Conceição Caldas Rabha