Informe JB
Reportagem da "Carta Capital" começou a circular na tarde desta sexta-feira em São Paulo
A Revista Carta Capital
que chegou às bancas de jornais de São Paulo na tarde desta sexta-feira
(27) tumultuará todo o ambiente que vem sendo milimetricamente preparado para o julgamento do famoso
caso do Mensalão. Ela apresenta documentos que indicariam que o
ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, quando era
Advogado Geral da União (AGU), em 1998, teria recebido R$ 185 mil do
chamado Mensalão do PSDB, que foi administrado pelo publicitário Marcos
Valério.
Em
um trabalho do jornalista Maurício Dias, a revista obteve o que seria a
contabilidade paralela da campanha do atual senador Eduardo Azeredo, em
1998, quando ele concorreu à reeleição ao governo de Minas Gerais. As
folhas, encadernadas, levam a assinatura de Valério. Alguns dos
documentos têm firma reconhecida. No total, esta contabilidade
administrou R$ 104,3 milhões. Houve um saldo positivo de R$ 69,53. A
reportagem teve a contribuição também do repórter Leandro Fortes, que
foi a Minas Gerais.
Nesta contabilidade também aparece
a captação de recursos via empréstimos do Banco Rural, tal como
aconteceu no chamado Mensalão do PT. Mas não foi o único banco a
emprestar dinheiro para a campanha do tucano. Também contribuíram o
BEMGE, Credireal, Comig, Copasa e a Loteria Mineira. No total, via
empréstimos bancários, foram captados R$ 4,5 milhões, valor um pouco
maior do que o registro da mais alta doação individual, feita pela
Usiminas. Ela, através do próprio Eduardo Azeredo e do vice governador
Walfrido Mares Guia, doou
R$ 4.288.097. O banco Opportunity, através de seu dono, Daniel Dantas, e
da diretora Helena Landau, pelos registros, doou R$ 460 mil.
As dez primeiras páginas do documento apresentam os doadores
para a campanha. As demais 16 páginas relacionam as saídas de recursos.
O registro em nome de Gilmar Ferreira Mendes surge na página 17.
Procurado através da assessoria de imprensa do Supremo Tribunal Federal,
o ministro Gilmar Mendes não retornou ao Jornal do Brasil.
Toda
a documentação registrada aparece em papel timbrado da agência
publicitária SMP&B Comunicação, de propriedade de Marcos Valério.
Esta contabilidade paralela foi assinada pelo publicitário mineiro,
embora seja datada de 28 de março de 1999, só teve a firma dele
reconhecida no cartório do 1º Ofício de Belo Horizonte.