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Sobre perdão ao PT, uma resposta a altura!


Não é hora de perdoar o PT
Não precisamos de perdão mesmo. Precisamos de justiça, e isso vocês liberais não suportam. Justiça para vocês é eliminar o "inimigo". Foi e é insuportável para vocês ver e ter que admitir que o que o PT fez NINGUÉM de vocês fizeram.
 
Por um lado, a exortação é sem sentido; por outro, é por outro, é refutável e moralmente inaceitável.
Escreveram haver soado no Brasil a trombeta da “hora de perdoar o PT”. Por um lado, a exortação é sem sentido; por outro, é refutável e moralmente inaceitável.

Também acredito nisso. É inaceitável mesmo. O Aceitável é um pedido de desculpas ao PT e a sua militância por toda a perseguição que vocês fizeram, usando a lava jato (que se provou vaza a jato). Um juiz pusilânime, que tinha como escopo alcançar o STF - he foi prometido - e vocês da imprensa liberal trombeteando o tempo todo.
 
Vez ou outra levanta-se poeira no jornalismo quando algum articulista expõe uma opinião mais exótica. Isso não é mau, pois dá ensejo ao debate, que é saudável e democrático. Mau seria não haver quem se contrapusesse à extravagância de trazer para esse âmbito algo tão nobre e digno como o ato de perdoar.
Se houvesse debate democrático de verdade, vocês deveriam abrir espaço para alguém do PT responder a todos os ataques que sofremos, infundados. Essa semana o Ascânio mente deslavadamente a respeito do, ainda, "rombo da PETROBRÁS". Ora trabalhei na empresa exatamente deste período. Não houve rombo nenhum. Todo o dinheiro de propina não foi retirado do caixa da empresa e sim dos contratos das empreiteiras. Sergio Moro ajudou os EUA - e isso vocês não podem refutar, está provado - a destruir todas as empreiteiras brasileiras.
O que Pedro Parente fez, foi pegar todos os empréstimos a longo prazo e jogar no caixa como "prejuízo". Além disso " renovou TODOS os empréstimos possíveis. dando dinheiro aos banqueiros. Agora com o pretexto de "enxugar" a empresa, vendem a preço de banana todos os ativos mais valiosos.
No seu sentido profundo, o perdão é ato singular que se dá na relação de indivíduo a indivíduo e do indivíduo para com Deus. No âmbito político, é quase regra que haja fraude por parte de quem pede e por parte de quem concede perdão. Um exemplo do perdão político foi a anistia; perdão este que o PT e vários outros segmentos da esquerda não aceitaram de modo imparcial, mas instrumentalizaram para interesse de seu próprio grupo.
Não há mesmo o que perdoar. Tem é que se desculpar pela perseguição perpetrada. Covarde e sem direito de defesa.
Vejam que ironia: o ex-ministro José Dirceu (PT), condenado na Lava Jato a 42 anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro —já tendo sido beneficiado pela comissão da anistia com indenização de cerca de R$60 mil— valeu-se também da contagem do tempo de anistia, de outubro de 1968 a dezembro de 1979, para obter a aposentadoria no valor de cerca de R$ 10 mil por mês, que acaba de ser aprovada.
Todo perseguido político tem direito a essa aposentadoria. Inclusive o seu queridinho FHC tem. Não seja pusilânime.
Dirceu, não faz muito tempo, ao ser questionado sobre PT e eleições, declarou em entrevista: “É uma questão de tempo pra gente tomar o poder; nós vamos tomar o poder, que é diferente de ganhar uma eleição”.
Todo o partido tem como projeto almejar o poder. TODOS. Inclusive os liberais. Como não conseguiram ganhar do PT nas urnas, apoiaram um golpe que acabou colocando na cadeira de presidente um genocida, incapaz e corrupto. Isso sim, é motivo de vocês, liberais pedirem perdão ao povo brasileiro.
O PT ainda tem um projeto de poder que passa pela desmoralização da Justiça, da imprensa e de outras instituições; ainda é aliado de ditaduras e, apesar de, do mensalão ao petrolão, ter institucionalizado a corrupção, ainda glorifica seus corruptos e nega os escândalos nos quais se envolveu. Não se arrepende.
O projeto do PT ficou bem claro. É tirar o povo da miséria. Tanto é que TODOS os projetos implementados pelo partido estão aí, funcionando e são os ÚNICOS que esse governo tem. Não tente se livrar da culpa de ter colocado na cadeira de presidente quem vocês colocara. A responsabilidade é de vocês.

Se o PT mudar, deixa de ser PT, e não haverá PT para perdoarmos. Mas, se continuar a ser PT, o nosso perdão será capitulação e covardia.
Por último. Não precisamos de perdão. Precisamos, o Brasil precisa, o povo trabalhador precisa, todos nós precisamos é de JUSTIÇA! 
Paulo Morani
Julho de 2020


Catarina Rochamonte
Doutora em filosofia, autora do livro 'Um olhar liberal conservador sobre os dias atuais' e vice-presidente do Instituto Liberal do Nordeste (ILIN).

Malafaia é alvo de condução coercitiva em operação que apura esquema com royalties de mineração

Custou a chegar no criminoso, que vive incitando as pessoas contra o PT, e elogiando bandidos. Você que é evangélico, tem a obrigação de vir a público e referendar ou condenar este senhor que vem enganando a muita gente. Mas, pelo visto, a justiça dos homens atendeu à justiça DIVINA!
Leia!



Do Estadão:

A Polícia Federal realiza nesta sexta-feira, 16, ações em 11 estados e no Distrito Federal. Os policiais fazem buscas e apreensões em 52 diferentes endereços relacionados com uma organização criminosa investigada por um esquema de corrupção em cobranças judiciais de royalties da exploração mineral (65% da chamada Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais – CFEM – tem como destino os municípios).

O diretor do Departamento Nacional de Produção Mineral, Marco Antonio Valadares Moreira, e a mulher dele foram presos pela PF.
O pastor Silas Malafaia é alvo de mandado de condução coercitiva.

Segundo nota da PF, além das buscas, os 300 policiais federais envolvidos na ação também cumprem, por determinação da Justiça Federal, 29 conduções coercitivas, 4 mandados de prisão preventiva, 12 mandados de prisão temporária, sequestro de 3 imóveis e bloqueio judicial de valores depositados que podem alcançar R$ 70 milhões.

O juiz Ricardo Augusto Soares Leite, da Justiça Federal de Brasília, determinou ainda que os municípios se abstenham de realizar quaisquer atos de contratação ou pagamento aos 3 escritórios de advocacia e consultoria sob investigação.

As provas recolhidas pelas equipes policiais devem detalhar como funcionava um esquema em que um Diretor do Departamento Nacional de Produção Mineral detentor de informações privilegiadas a respeito de dívidas de royalties oferecia os serviços de dois escritórios de advocacia e uma empresa de consultoria a municípios com créditos de CFEM junto a empresas de exploração mineral.

Em 2015, os valores recolhidos a título de CFEM chegaram a quase R$ 1,6 Bilhão.

De acordo com a Polícia Federal, o esquema se dividia em ao menos 4 grandes núcleos: o núcleo captador, formado por um Diretor do DNPM e sua mulher, realizava a captação de prefeitos interessados em ingressar no esquema; o núcleo operacional, composto por escritórios de advocacia e uma empresa de consultoria em nome da esposa do Diretor do DNPM, que repassava valores indevidos a agentes públicos; o núcleo político, formado por agentes políticos e servidores públicos responsáveis pela contratação dos escritórios de advocacia integrantes do esquema; e o núcleo colaborador, que se responsabilizava por auxiliar na ocultação e dissimulação do dinheiro.

Segundo a agência Reuters/BR um dos investigados, "é uma liderança religiosa que teria recebido valores do principal escritório de advocacia responsável pelo esquema."

A fonte da PF disse que o líder religioso em questão seria o pastor evangélico Silas Malafaia, suspeito de ter usado contas correntes de uma instituição religiosa com a intenção de ocultar a origem ilícita dos valores.

Não foi possível fazer contato de imediato com representantes de Malafaia.

O nome Timóteo dado à operação refere-se ao livro bíblico de Timóteo, segundo a PF.

PSOL continua onde sempre esteve, quem ocupa o espaço do PT é a direita evangélica

comparativo-eleicoes
Comentário de Thandara Santos, no Facebook, em complemento ao post: Presidente do PSOL em entrevista à Folha: ‘começamos a ocupar o espaço do PT’

O próximo que disser que o PSOL está assumindo o vácuo deixado pelo PT na disputa eleitoral vai ganhar um curso de análise de dados.
Não estou comemorando a derrota do PSOL no Rio ou em qualquer lugar. Pedi voto ao Freixo no primeiro e no segundo turno e tenho certeza de que o PSOL apresenta o melhor projeto para a cidade do Rio de Janeiro (e para Belém, para Sorocaba, etc).
O meu ponto é que o PSOL não está ocupando o espaço que foi um dia do PT. Quem está fazendo isso é a direita e os partidos ligados ao pentecostalismo. Vimos isso no primeiro e no segundo turno em todo o país.
E não há nada a comemorar.
E sei que muitos militantes do PSOL fazem essa mesma leitura da conjuntura. Muitos, não todos, infelizmente

Precisamos falar sobre o PT

Por Antonio Carlos Granado
Antonio Assance, 
Geraldo Accioly, 
Jefferson Goulart, 
José Machado e Ronaldo Coutinho Garcia
O partido que enfrentou a ditadura, que contribuiu para a redemocratização do país, que batalhou incansavelmente pela consagração de inúmeros direitos sociais, que garantiu a mais drástica e acelerada redução da desigualdade já vista em nossa história, esse partido está na lona. Caiu, em parte, pela perseguição implacável a que foi submetido, em função de golpes desferidos contra muitas de suas lideranças mais destacadas, contra sua organização e contra sua militância. Mas despencou, em grande medida, pelo peso de muitos de seus erros, por ter baixado a guarda em alguns dos atributos que faziam parte de sua própria identidade e da lógica de sua diferença.

As eleições de 2016 são o desfecho de uma ofensiva da direita que tem, como um de seus alvos prioritários, trucidar um instrumento essencial de luta da classe trabalhadora, da democracia e da inclusão social. É nítido e claro que o PT não está sendo investigado. Está sendo cassado. A absurda diferença de tratamento entre o que acontece com algumas lideranças do PT, porque são do PT, e o que não acontece em relação a políticos de outros partidos demonstra que, mais uma vez, como em outras tantas circunstâncias históricas, sob o discurso do combate à corrupção, o que se pavimenta é um combate sem tréguas à esquerda como um todo para a entrega do país ao que há de mais retrógrado e mais corrupto.
A derrota acachapante da esquerda nas eleições de 2016 – salvo raras e muito honrosas exceções – mostra bem o tipo de país que está sendo costurado meticulosamente pelas forças da coalizão golpista.
O partido precisa se reinventar, urgentemente
Para o bem e para o mal, uma parte do PT já não existe mais. Foi dizimada pelo escândalo do Mensalão, pela Lava Jato, pela debandada de prefeitos e parlamentares, pelo golpe parlamentar que destituiu a presidenta eleita e, agora, pelas eleições municipais. É preciso um novo PT, urgentemente, ou não restará PT algum. Ao lado da defesa intransigente do Estado democrático de Direito, é preciso fazer uma autocrítica pública como primeiro passo para recuperar a autoridade moral e a credibilidade política de um partido que foi fundado sob os signos da igualdade e da renovação dos costumes políticos. É preciso, imediatamente, renovar a direção partidária, e renová-la sob novas bases. Além de eleger um novo presidente e diretório, o PT precisa reconstruir seu programa, redefinir sua organização e revigorar suas práticas. O PT precisa se reinventar com a mesma radicalidade com que um dia ousou disputar os rumos do país sob o impulso dos trabalhadores e excluídos.
Atualizar o programa democrático e popular
O PT precisa reatar sua vocação de partido dos trabalhadores, dos assalariados, dos que estão fora do mercado de trabalho, dos pequenos e médios agricultores e empresários; dos sem-terra; dos jovens; dos que lutam por moradia, dos que batalham pela afirmação de sua identidade, dos que querem exercer livremente sua orientação sexual, dos que lutam por dignidade e por direitos de cidadania. O programa do partido deve ser fundamentalmente orientado aos trabalhadores, excluídos e oprimidos, com uma orientação inequivocamente democrática, humanista, igualitária, libertária.
O PT não é mais, nem que quisesse, o partido capaz de firmar o pacto social entre as elites e o povo. A começar porque a elite deste país não quer pacto. Não quer pagar a conta, senão transferi-la justamente para os mais pobres e a classe média, que são os que sustentam o Estado brasileiro e as isenções fiscais e benesses de que os mais ricos desfrutam. A ponte para o futuro de uma parte expressiva da elite brasileira é um “green card” nos Estados Unidos e uma conta nas Ilhas Cayman.
O desenvolvimento de um país é diretamente proporcional à qualidade de sua democracia. Por sua vez, democracia significa o quanto a representação e a atuação do Estado atendem aos interesses da maioria e a uma pluralidade de pessoas e opiniões com voz e vez nos processos de decisão política. Um programa democrático e popular se distingue por propor mecanismos claros de alargamento da democracia e de fortalecimento da capacidade de atuação do Estado. Distingue-se também pelo combate sem tréguas aos grupos políticos e econômicos predatórios que, recorrentemente, dominam o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, e que engendram instituições perversas, que proporcionam ganhos restritos a uma ínfima parcela da sociedade, impondo custos sociais elevados à esmagadora maioria do povo brasileiro.
Redefinir o modelo de partido
Transparência, prestação de contas e democracia participativa
Convenhamos, o partido que defende a transparência, a prestação de contas e a democracia participativa não é transparente, não presta contas a seus militantes e deixou sua democracia participativa em algum lugar do passado. O PT trocou seus antigos espaços de participação, seu debate formativo e sua discussão programática por Processos de Eleição Direta (PEDs), pela prioridade eleitoral e por alianças com a política tradicional.
O PT precisa prestar contas; realizar seu próprio orçamento participativo; estabelecer regras claras de contratação de funcionários e de empresas prestadoras de serviço, mediante chamadas públicas; expor seu planejamento e planos de trabalho a audiências públicas com participação presencial e pela internet. Precisa criar sua ouvidoria, que consta do estatuto, mas jamais saiu do papel.
O PT deve se abrir e se expor mais do que nunca para que não restem dúvidas sobre seus métodos, seus critérios, suas decisões, seus recursos, sua capacidade de escutar sua militância e seus simpatizantes e de estar profundamente enraizado na sociedade civil.
Política por vocação
O PT deve se afirmar como um partido em que se faz política por vocação, e não por profissão. Os eleitos devem se comportar como servidores públicos conscientes de seu papel e de suas responsabilidades republicanas. Devem se mostrar sujeitos ao escrutínio não apenas da máquina partidária, mas de seus eleitores e das organizações populares. Devem abrir suas contas, expor suas agendas e saber demarcar nitidamente a fronteira entre o público e o privado.
O PT, definitivamente, não é lugar para políticos tradicionais. Política não é carreira e político não é profissão. Não é? Bem, não deveria ser, pelo menos no PT. Se algo está errado, precisa mudar.
O PT deve abolir os PEDs, voltar a ser um partido de encontros, congressos e, agora, de redes sociais
O PT deve ser um partido conhecido e reconhecido por discussões de base e eleição de delegados e representantes por bairros e por coletivos temáticos ou identitários (trabalhadores de diferentes categorias e estratos, juventude, cultura, esporte, mulheres, LGBT, rurais, deficientes, transportes, educação, saúde, assistência, governança e gestão públicas, meio ambiente, moradia, segurança pública, igualdade racial), com limites e controles rígidos para evitar sua burocratização e as práticas próprias da política tradicional.
As direções partidárias devem ser expressão de uma militância e de um debate sobre políticas públicas, e não da aferição de quem consegue arregimentar e transportar o maior número de filiados. As novas direções devem expressar o pluralismo de nossa sociedade e o debate que por lá fervilha. Um partido incapaz de se nutrir da energia social acaba inevitavelmente apartado da sociedade civil e de suas lutas.
Deve-se igualmente criar novos mecanismos de participação e consulta que facilitem a interação virtual e a intervenção nas redes sociais. O PT precisa ser um partido com freios, contrapesos e  controle social.
Oposição firme e consistente ao governo Temer e reconfiguração da política de alianças
A sociedade deu um recado claro em 2016: está insatisfeita com os partidos, rechaça a política tradicional e quer o PT na oposição. O arco de alianças do PT deve ser firmado, de forma clara, com a orientação de conformar uma frente de oposição ao governo Temer, que se oponha ao entreguismo, ao reacionarismo e faça a defesa dos trabalhadores, dos excluídos e dos interesses nacionais.
O PT deveria, terminantemente, rechaçar coligações eleitorais e composições em governos com os partidos que apoiaram o golpe e que integram a base oficial ou eventual do governo Temer. Embora os partidos políticos não sejam monolíticos e possuam clivagens políticas e regionais importantes – veja-se os casos dos senadores Roberto Requião, do PMDB, e Lídice da Mata, PSB, assim como de parlamentares federais da Rede, que perfilaram contra o golpe –, é fundamental que o PT contribua para o debate político delimitando claramente seu campo político-ideológico e programático de esquerda.
Diálogos e mesmo acordos em uma ampla frente social e parlamentar em defesa de direitos sociais, que hoje estão ameaçados, são essenciais, mas não se confundem com o arco de alianças eleitorais e de prioridade na interlocução sobre um programa para o país. Esta prioridade deve estar na relação do PT com o PCdoB, o PDT e com o PSOL. No caso do PDT, pelo menos enquanto ainda restar ali algum brizolismo – ou seja, nacionalismo, trabalhismo e defesa do serviço público. No caso do PSOL, mesmo que ainda haja reticências, plenamente compreensíveis, de uma aproximação com o PT, é preciso tomar a iniciativa do gesto pelo reatamento de laços.
As grandes batalhas perdidas no Congresso e no Judiciário foram, antes, perdidas nas ruas. O desgaste do partido é crítico, mas a decepção generalizada com a política enquanto instrumento de mudança social é grave. Retomar a confiança social na política e na democracia requer persuasão, interlocução com amplos setores da sociedade e um longo trabalho de base. O cerne dessa tarefa implica em consolidar a Frente Brasil Popular e estreitar o diálogo com as novas frentes de luta que surgem pelo país, com grande vitalidade, como o Povo Sem Medo e o Levante da Juventude. Lá se forjam ideias, estratégias de luta e uma nova geração de militantes sociais que deve tomar conta das ruas e desaguar com maior força na política nacional. Ao PT e aos demais partidos de esquerda cabe não apenas torcer para que isso aconteça, mas orientar-se programática e organizativamente nesse sentido. Movimentos sociais fortes e organizações e partidos políticos fortes não são incompatíveis; antes, são um imperativo da democracia.
Em suma, o PT precisa assimilar que, doravante, a luta política requer a conformação de uma frente ampla que congregue partidos políticos, organizações e movimentos da sociedade civil e inclusive cidadãos em torno de bandeiras democráticas e sociais.
Um projeto estratégico para o Brasil
Para além de um reordenamento organizativo e de uma reorientação política, para completar o desafio de se reinventar, o PT precisa investir decisivamente na reformulação de um projeto estratégico para o Brasil. A experiência de governo com medidas desenvolvimentistas e as políticas públicas de inclusão social conformaram um patrimônio valioso, mas rigorosamente insuficiente em um cenário econômico de primazia e internacionalização do capital financeiro, de dependência do boom das commodities, de declínio mundial do Estado do bem-estar e de diminuição do emprego como forma de integração social.
Um partido vocacionado para o poder não pode ignorar agenda tão complexa, que ainda abarca as mutações do sistema político, o peso e o lugar de instituições como o Ministério Público e o Judiciário, o papel da mídia e das novas ferramentas de informação e comunicação, a importância da ciência e da tecnologia, da pesquisa e desenvolvimento, do pensamento estratégico e de segurança nacional, da preservação e manejo de recursos naturais estratégicos, dentre outros. Um partido vocacionado para o poder precisa se dispor a compreender as transformações em curso para oferecer sua interpretação, suas ideias e seu programa para o país.
Desafio dessa envergadura remete à necessidade de reunir o melhor da intelligentsia nacional e internacional e dialogar com muitas outras instituições e segmentos que se debruçam sobre essa agenda na perspectiva de disputar intelectualmente os rumos do país. Uma das principais lições a aprender da crise pela qual passamos é que passou o tempo de responder a dilemas estratégicos com respostas táticas de curto prazo.
Fortalecer os laços com os movimentos, organizações, partidos e governos progressistas de outros países
A troca de experiências, as estratégias comuns de atuação e a conformação de um programa internacional de lutas em temas como a taxação internacional de transações financeiras, o combate aos paraísos fiscais, a reforma das organizações multilaterais, a internacionalização dos direitos básicos dos trabalhadores, a universalização das políticas de distribuição de renda, a solidariedade às vítimas de desrespeito aos direitos humanos devem voltar a ser uma agenda de trabalho prioritária do PT. Não existe saída nacional sem articulação global das lutas sociais com a reforma das instituições governamentais e econômicas.
A uma direita transnacional e antinacional se deve contrapor uma atuação internacional com pautas unificadas e ação combinada, sobretudo no campo programático, formativo e da comunicação.
Agora é a hora, ou “PT, saudações”
O PT vive um momento crucial. Boa parte das mudanças necessárias são certamente viáveis justamente porque a própria conjuntura se encarregou de torná-las não apenas as melhores, mas, em alguns casos, as únicas opções possíveis.
O PT beijou a lona, desceu ao chão. Antes que uma parte ainda mais expressiva de seus simpatizantes e de sua militância lhe deseje “PT, saudações”, é hora de se colocar de pé, levantar a poeira e voltar a caminhar de cabeça erguida. Mas este não é um exercício que demande apenas vontade política. Exige resgatar o caráter civilizatório de seu ideário e a ousadia e a dignidade que marcaram historicamente a trajetória das esquerdas.

Ao contrário do que diz a manchete canalha do globo de hoje

Lobista muda versão apresentada em delação e favorece José Dirceu.

 Deu na Folha

Não acredito que mudou. Apenas o vazamento seletivo MENTIU e agora é corrigido.

O PIG não para!

Paulo Morani


Em troca de um acordo que o tirou da prisão, o lobista Fernando Moura ofereceu ao Ministério Público Federal um conjunto de revelações de como o ex-ministro José Dirceu aparelhou a diretoria de Serviços da Petrobras para alimentar o caixa dois do PT. 

Mas, diante do juiz Sergio Moro, na última sexta (22), Moura não apenas não entregou nada do prometido como isentou Dirceu e empresários beneficiados pela indicação de Renato Duque para o cargo na Petrobras. 

Em depoimento de quase duas horas em Curitiba, Fernando Moura gaguejou, gargalhou e pareceu demonstrar espanto quando confrontado com as próprias declarações. 

Na sua estreia como delator, em 28 de agosto, Moura atribuiu a Dirceu a "dica" para que ficasse longe do Brasil durante o mensalão. "Depois que assinei [o termo do depoimento] que fui ver [o que estava escrito], diz que o Zé Dirceu me orientou a isso. Não foi esse o caso", recuou. 

Em esboço da delação feito pelo próprio Moura com seus advogados durante o estágio de negociação, o lobista cravou:

 "Depois da divulgação de reportagens que envolviam o meu nome ao escândalo do mensalão, recebi a 'dica' de José Dirceu para sair do país e, no começo de 2005, fui para Paris, onde fiquei de março a junho, ficando até o Natal em Miami". 

NEGÓCIOS À PARTE
Fernando Moura é amigo de Dirceu há 30 anos e participou de todas as campanhas dele. Em 2002, organizava jantares para a candidatura do petista para deputado. 

Após a eleição de Lula, Dirceu foi anunciado como chefe da Casa Civil. O amigo e apoiador foi bater à porta do futuro ministro para pedir um cargo no Palácio do Planalto. 

Pela versão inicial, Dirceu disse que não nomearia um "amigo para não confundir as coisas". Mas orientou Moura a arranjar uma empresa que ele, Dirceu, "ajudaria em nível de governo".

O alvo da benesse seria a Etesco, prestadora de serviços de engenharia da Petrobras. Moura disse ter sido procurado por um dos donos da empresa, Licínio Machado, que queria em troca indicação de Duque para a diretoria de Serviços.

Moura disse que levou a demanda para a equipe de transição do PT, em 2002. Duque foi nomeado no ano seguinte como cota do PT na Petrobras. 

Como retribuição, de acordo com a primeira versão, Moura passou a receber uma mesada de US$ 30 mil da Etesco a cada três meses. 

Hoje, Moura diz não saber se Dirceu teve a "última palavra" sobre o cargo de Duque. 

No ano passado, Moura disse que ao emplacar Duque para a diretoria de Serviços, a Etesco virou uma potência na conquista de contratos milionários na Petrobras. 

Após ler trecho do depoimento anterior, o juiz perguntou se a Etesco havia tirado proveito de Duque na estatal. 

"Falei isso?", indagou o delator. 

Logo depois, emendou, aos risos: "Assinei isso? Devem ter preenchido um pouquinho mais do que eu falei. Mas se falei, eu concordo". 

Normalmente fleumático, Moro o repreendeu: "Não, não é assim que funciona". 

ACORDO EM RISCO
A reviravolta de Fernando Moura auxilia a defesa de Dirceu, mas não atinge o cerne da denúncia. Outro delator, Milton Pascowitch, ligou o ex-ministro ao pagamento de propina de fornecedores da diretoria de Serviços, por meio de falsos contratos de consultoria. 

Pascowitch também provou ter bancado reformas em imóveis de Dirceu e realizado pagamentos diretamente à conta da consultoria do ex-ministro, a JD. 

A reviravolta de Moura lembra a de Mark Whitacre, personagem de Matt Damon em "O Desinformante". No filme de Steven Soderbergh (2009), o protagonista é um executivo que se torna informante em investigação dos EUA sobre cartel no agronegócio. Só que seus relatos sempre mudavam, atrapalhando a investigação. 

"Ele vai ser intimado para explicar as contradições imensas. Se mentiu, o acordo de colaboração dele pode ser anulado", disse o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, um dos coordenadores da Operação Lava Jato

Entre os benefícios que Moura teve ao fazer a delação, e que poderá perder, estão o de ter ficado apenas três meses em regime fechado. Ele está em prisão domiciliar.
 
OUTRO LADO
Procurado pela Folha, o advogado de Fernando Moura, Pedro Iokoi, não quis comentar as mudanças de versão de seu cliente nem a abertura de um procedimento para apurar se o acordo de delação premiada foi violado. 

O criminalista Roberto Podval, que defende José Dirceu, pediu acesso a vídeos dos depoimentos prestados por Fernando Moura à força-tarefa da Lava Jato na fase de investigação. 

"Fernando Moura afirmou literalmente que não revelou em momento nenhum que o Zé Dirceu deu a dica para que fugisse do Brasil. Por isso pedimos para ter acesso às gravações dos depoimentos porque é preciso checar como tudo se deu", afirmou. 

Dono da Etesco, Licínio Machado Filho disse que não conhecia Renato Duque em 2002 e, portanto, não poderia tê-lo indicado para ocupar a diretoria de Serviços da Petrobras. 

O empresário afirmou que um de seus irmãos era amigo de Fernando Moura, mas negou que ele ou sua empresa tenham realizado pagamentos ao lobista "a título de agradecimento". 

"Parece que ele agora está dizendo a verdade", disse Licínio, sobre a nova versão de Moura, que isenta sua empresa de ter sido favorecida pela indicação de Duque. 

NÃO É BEM ASSIM...
O que o delator Fernando Moura disse à PF e desdisse, agora, ao juiz Sergio Moro

A FUGA Em 2005, foi orientado pelo então ministro José Dirceu a sair do Brasil e ficar no exterior “até a poeira baixar” “Depois até que assinei [o depoimento] que eu fui ver, diz que o Zé Dirceu me orientou a isso. Não foi esse o caso.”
AJUDA DO AMIGO MINISTRO Dirceu o orientou a arrumar uma empresa e prometeu ajudá-lo em seus negócios. Foi quando indicou ao governo do PT, a pedido do dono da Etesco, o nome de Renato Duque para diretor da Petrobras “Não sei se a última palavra na indicação de Duque foi do José Dirceu”
A ETESCO Mencionou arranjo entre a Etesco e Duque para que a empresa fechasse contratos milionários com a Petrobras Disse não saber se a Etesco foi ajudada por Duque e afirmou: “Devem ter preenchido um pouquinho mais do que eu tinha falado. Mas se eu falei, eu concordo”
PADRINHO DE DUQUE Disse que Duque e os donos da Etesco “ficaram milionários” com os negócios na Petrobras, e que a Etesco também lucrava ao repassar contratos a outras empresas Indagado a respeito pelo juiz Moro, respondeu: “O Licínio [Machado, dono da empresa] já era [milionário], sempre foi”

OUTROS EPISÓDIOSNão é a primeira vez que um delator muda sua versão

PAULO ROBERTO COSTA, ex-diretor da Petrobras
> Desvios na estatal: Primeiro, disse que a propina era obtida via Petrobras, em contratos superfaturados. Depois, que saía da margem  de lucro das empresas

> Renan Calheiros e Romero Jucá: Disse que os senadores recebiam propina, mas depois só citou reuniões com os políticos

ALBERTO YOUSSEF, doleiro
Aécio Neves: Disse que o tucano ganhou propina em Furnas no governo FHC. Depois, afirmou que só tinha ouvido falar que o senador tinha influência lá

NESTOR CERVERÓ, ex-diretor da Petrobras
Lula: Apontou propina para a campanha do ex-presidente, vinda da refinaria de Pasadena (EUA). A menção sumiu em seu termo de delação

AUGUSTO MENDONÇA, empresário
Renato Duque: Primeiro, disse que o ex-diretor recebeu US$ 6 mi. Depois, afirmou que ele não ficou com todo o dinheiro