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A Petrobras e o domínio do boato


Mauro Santayana
Os jornais foram para as ruas, na última semana, dando como favas contadas um prejuízo de 6 bilhões de reais na Petrobras, devido a casos de corrupção em investigação na Operação Lava Jato. Seis bilhões de reais que não existem. E que foram colocados no “balanço”, como os bancos recorrem, nos seus, a provisões, por exemplo, para perdas com inadimplência, que, quando não se confirmam, são incorporadas a seus ativos mais tarde.
Não há - como seria normal, aliás, antes de divulgar esse valor - por trás destes 6 bilhões de reais, uma lista de contratos superfaturados, dos funcionários que participaram das licitações envolvidas, permitindo que se produzissem as condições necessárias a tais desvios, dos aditivos irregularmente aprovados, das contas para as quais esse montante foi desviado, dos corruptos que supostamente receberam essa fortuna.
O balanço da Petrobras, ao menos quanto à corrupção, foi um factoide. Um factoide de 2 bilhões de dólares que representa o ponto culminante de uma série de factoides produzidos por um jogo de pressões voltado para encontrar, doa a quem doer, chifre em cabeça de cavalo.
Houve corrupção na Petrobras? Com certeza, houve.
Houve necessariamente superfaturamento e prejuízo com a corrupção na Petrobras?
Isso seria preciso provar, onde, quando e como.
E o pior de tudo, é que a maior empresa brasileira apresentou esses resultados baseada, e pressionada, por uma questionável “auditoria”, realizada por uma, também, discutível, companhia estrangeira.
Segundo divulgado em alguns jornais, a empresa de auditoria norte-americana PricewaterhouseCoopers teria feito uma série de exigências para assinar, sem ressalvas, o balanço da Petrobras, estabelecendo um patamar para a perda com “impairment” e corrupção muito maior que a real, baseada, nesse último aspecto, não em dados e informações, mas em números apresentados inicialmente por delatores, tomados como verdade indiscutível, quando vários destes mesmos delatores “premiados” negaram, depois, em diversas ocasiões, peremptoriamente, a existência de superfaturamento.
Essa é uma situação que, se fosse reconhecida no balanço, lançaria por terra a suposta existência de prejuízos de bilhões de dólares para a Petrobras com os casos investigados na Operação Lava-Jato, e ainda mais na escala astronômica em que esses números foram apresentados.
Que autoridade e credibilidade moral e profissional tem a PricewaterhouseCoopers para fazer isso?
Se a Petrobras, não tivesse, premida pela necessidade de responder de qualquer maneira à situação criada com as acusações de corrupção na empresa, sido obrigada a contratar empresas estrangeiras, devido à absurda internacionalização da companhia, iniciada no governo FHC, nos anos 90, e tivesse investigado a história da PwC, que contratou por milhões de dólares para realizar essa auditoria pífia - que não conseguiria provar as conclusões que apresenta - teria percebido que a PwC é uma das principais empresas responsáveis pelo escândalo dos Luxemburgo Leaks, um esquema bilionário de evasão de impostos por multinacionais norte-americanas, que causou, durante anos, um rombo de centenas de bilhões de dólares para o fisco dos EUA, que está sendo investigado desde o ano passado; que ela é a companhia que está por trás do escândalo envolvendo a Seguradora AIG em 2005; que está relacionada com o escândalo de fraude contábil do grupo japonês Kanebo, ligado à área de cosméticos, que levou funcionários da entãoChuoAoyama, parceira da PwC no Japão, à prisão; com o escândalo da liquidação daTycoInternational, Ltd, no qual a  PricewaterhouseCoopers teve de pagar mais de 200 milhões de dólares de indenização por ter facilitado ou permitido o desvio de 600 milhões de dólares pelo Presidente Executivo e o Diretor Financeiro da empresa; com o escândalo da fraude de 1.5 bilhão de dólares da Satyam, uma empresa indiana de Tecnologia da Informação, listada na NASDAQ; que ela foi também acionada por negligência profissional no caso dos também indianos Global Trust Bank Ltd e DSK Software; e também no caso envolvendo acusações de evasão fiscal do grupo petrolífero russo Yukos; por ter, em trabalho de auditoria, feito exatamente o contrário do que está fazendo no caso da Petrobras, tendo ficado também sob suspeita, na Rússia, de ter acobertado um desvio de 4 bilhões de dólares na construção de um oleoduto da Transneft; que foi acusada por não alertar para o risco de quebra de empresas que auditava e assessorava, como a inglesaNorthern Rock, que teve depois de ser resgatada pelo governo inglês na crise financeira de 2008; e no caso da JP Morgan Securities, em que foi multada pelo governo britânico; que está ligada ao escândalo da tentativa de privatização do sistema de águas de Nova Délhi, que levou à retirada de financiamento da operação pelo Banco Mundial; e também criticada por negligência em trabalhos de auditoria na Irlanda, país em que está sendo processada em um bilhão de dólares.
Enfim, a  PricewaterhouseCoopers é tão séria - o que com certeza coloca em dúvida a qualidade de certos aspectos do balanço da Petrobras - que, para se ter ideia de sua competência,o PublicCompanyAccountingOversightBoard dos Estados Unidos encontrou, em pesquisa realizada em 2012, deficiências e problemas significativos em 21 de 52 trabalhos de auditoria realizados pela PwC para companhias norte-americanas naquele ano.
É este verdadeiro primor de ética, imparcialidade e preparo profissional, que quer nos fazer crer - sem apresentar um documento - que de cada 100,00 reais gastos com contratações de 27 empresas de engenharia e infraestrutura pela Petrobras, 3,00 tenham sido automaticamente desviados, durante vários anos, como se uma empresa com aproximadamente 90.000 funcionários funcionasse como uma espécie de linha de montagem, para o carimbagem automática, com uma comissão de 3%, de milhares de notas a pagar, relativas a quase 200 bilhões de reais em compras de produtos e serviços.
Desenvolveu-se, no Brasil, a tese, de que, para que haja corrupção, é preciso que tenha havido sempre, necessariamente, desvio e superfaturamento.
Há empresas que fornecem produtos e serviços a condições e preço de mercado, quem nem por isso deixam de agradar e presentear com benesses que vão de cestas de natal a computadores o pessoal dos departamentos de compra e outros funcionários de seus clientes.
Há outras que convidam para encontros e viagens no exterior os médicos que receitam para seus pacientes medicamentos por elas fabricados. E outras, ainda, que promovem - ou já promoveram no passado - em outros países, congressos para funcionários públicos, como prefeitos, deputados e membros do Judiciário.
O montante ou o dinheiro reservado para esse tipo de “agrado” - que moralmente, para alguns, não deixa de ser uma espécie de corrupção - depende, naturalmente, do lucro que vai ser aferido pela empresa em cada negócio, e do tamanho e potencial de investimento e gasto do cliente que está sendo atendido.
Em depoimento na CPI da Petrobras esta semana, o ex-dirigente da empresa ToyoSetal, Augusto Mendonça Neto, afirmou que pagamentos foram feitos a Paulo Roberto Costa e a Renato Duque, responsáveis pelas diretorias de Refino e Abastecimento e de Serviços, não para que eles alcançassem um determinado objetivo - manipulando contratos e licitações, por exemplo - mas para que não prejudicassem as empresas, já que, em suas palavras: “o poder que um diretor da Petrobras tem de atrapalhar era enorme. 

De ajudar, é pequeno. Na minha opinião, eles vendiam muito mais dificuldade do que facilidade. Na minha opinião, as empresas participavam muito mais por medo do que por facilidades. ”
Outro delator - devido, talvez, à impossibilidade de provar, inequivocamente, contabilmente, juridicamente, o contrário - o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, já havia voltado atrás, em petição apresentada no dia 9 de abril à Justiça - corroborando afirmações das próprias empreiteiras envolvidas - afirmando que as obras investigadas na Operação Lava-Jato não eram superfaturadas, e que as comissões de 3% eventualmente recebidas eram retiradas do lucro normal das empresas e não de sobre preço, negando que ele e Alberto Youssef tenham recebido listas com as obras e empresas que seriam vencedoras em cada licitação.  “Isso nunca aconteceu”, disse o seu advogado, João Mestieri, à Folha de São Paulo.
A mesma coisa já tinha sido explicada, didaticamente, em depoimento à CPI da Petrobras, pelo  ex-gerente de implementação da Refinaria Abreu e Lima, Glauco ColepicoloLegatti, no dia 31 de março, ocasião em que negou que tivesse recebido propina, que tivesse qualquer conta no exterior, que tivesse feito transferência recente de qualquer bem para parentes, dando a atender também que poderia colocar seu sigilo bancário à disposição se fosse necessário.
Legatti negou peremptoriamente que tenha havido sobre preço nas obras da refinaria, explicou o aumento dos custos da obra devido a adequações de projeto e a características como ser a mais avançada e moderna refinaria em construção no mundo, com uma concepção tecnológica especialmente desenvolvida que permite a inédita transformação de 70% de cada barril de petróleo bruto em óleo diesel, e que ela produzirá, quando terminada, 20% desse tipo de combustível consumido no Brasil - “não tem superfaturamento na obra. Superfaturamento é quando digo que algo custa 10 e vendo por 15. Aqui são custos reais incorridos na obra. Não tem um centavo pago que não tenha um serviço em contrapartida. Não existe na refinaria nenhum serviço pago sem contrapartida ”, afirmou.
Compreende-se a necessidade que a Petrobras tinha de “precificar” o mais depressa possível a questão da corrupção, admitindo que, se tivesse havido desvios em grande escala, estes não teriam passado, no máximo, como disseram dois delatores premiados inicialmente, de 3% do valor dos contratos relacionados ao “cartel” de empresas fornecedoras investigadas.
Mas com a aceitação da tese de que houve desvio automático desse mesmo e único percentual em milhares de diferentes contratos sem comprovar, de fato, absolutamente nada, sem determinar quem roubou, em qual negócio, em que comissão, em que contrato, em qual montante, a Petrobras e a PricewaterhouseCoopers levaram os jornais, a publicar, e a opinião pública a acreditar, que realmente houve um roubo de 6 bilhões de reais na Petrobras, que gerou um prejuízo desse montante para a empresa e para o país.
Isso é particularmente grave, porque, para as empresas, a diferença entre a existência ou não de sobre preço, significa ter ou não que pagar bilhões de reais em ressarcimento, no momento em que muitas estão praticamente quebrando e tiveram seus negócios interrompidos, devido às consequências institucionais da operação que está em andamento.
Para se dizer que houve um crime, é preciso provar que tipo de crime se cometeu, a ação que foi desenvolvida, quem estava envolvido e as exatas consequências (prejuízo) que ele acarretou.
Até agora, no Caso Lava-Jato - que inicialmente era cantado e decantado como envolvendo quase 90 bilhões de reais - não se chegou a mais do que algumas centenas de milhões de dólares de dinheiro efetivamente localizado.
O que não quer dizer que tudo não tenha de ser apurado e punido, até o último centavo.
Essa determinação, que é de toda a sociedade brasileira, não consegue, no entanto, esconder o fato de que, ao inventar, sob pressão de alguns setores da mídia, da opinião pública e da justiça, o instituto da corrupção plural e obrigatória, com percentual tabelado, prazo determinado em número redondo de anos e meses, para início e fim das atividades, em operações que envolvem milhares de contratos de 27 diferentes empresas, a Petrobras e a Price criaram uma pantomímica, patética e gigantesca fantasia.
Pode-se colocar toda a polícia, promotores e juízes que existem, dentro e fora do Brasil, para provar, efetivamente, esse fantástico roubo de 6 bilhões de reais, investigando contrato por contrato, comissão de licitação por comissão de licitação, entrevistando cada um de seus membros, procurando apenas provas lícitas, cabais e concretas, como transferências reais de dinheiro, contas no exterior em bancos suíços e paraísos fiscais, quebra de sigilo telefônico, imagens de câmeras de hotéis e restaurantes, indícios de enriquecimento ilícito, interrogatórios e acareações, ressuscitando e dando vida aos melhores detetives de todos os tempos, de Sherlock Holmes a Hercule Poirot, passando pelo Inspetor Maigret, Nero Wolfe, Sam Spade, Phillip Marlowe, a Miss Marple de Agatha Cristie e o frade William de Baskerville de O Nome da Rosa, que não se conseguiria provar - a não ser que surjam novos fatos - que houve esse tipo de desvio na forma, escala, dimensão e montante apresentados no balanço da Petrobras há poucos dias.
Delações premiadas - nesse aspecto, já desmentidas - podem ser feitas no atacado, afinal, bandido, principalmente quando antigo e contumaz, fala e inventa o quer e até o que não quer.
Mas até que se mude de planeta, ou se destruam todos os pergaminhos, alfarrábios e referências e tratados de Direito, sepultando a presunção de inocência e o império da prova e da Lei no mesmo caixão desta República, toda investigação tem de ser feita, e os crimes provados, individualmente.
Com acuidade, esforço e compenetração e sem deixar margem de dúvida.
Todos os crimes, e não apenas alguns.
À base de um por um, preferencialmente.
Com o caso do “mensalão” do PT - o único dos “mensalões” julgado até agora - inaugurou-se, no Brasil, a utilização da teoria do Domínio do Fato, de forma, aliás, absolutamente distorcida, como declarou, a propósito desse processo, o seu próprio criador, o jurista alemão ClausRoxin.
Ele afirmou, em visita ao país, na época do julgamento da Ação penal 470, que “ não é possível usar a teoria do Domínio do Fato para fundamentar a condenação de um acusado supondo sua participação apenas pelo fato de sua posição hierárquica. “A pessoa que ocupa a posição no topo de uma organização tem também que ter comandado esse fato, emitido uma ordem inequívoca” - afirmando que o dever de conhecer os atos de um subordinado não implica em corresponsabilidade.
“A posição hierárquica não fundamenta, sob nenhuma circunstância, o domínio do fato”, comentando que “na Alemanha temos o mesmo problema. É interessante saber que aqui também há o clamor por condenações severas, mesmo sem provas suficientes. O problema é que isso não corresponde ao Direito. O juiz não tem que ficar ao lado da opinião pública”. “Quem ocupa posição de comando tem que ter, de fato, emitido a ordem. E isso deve ser provado”.
O que quis dizer Claus Roxin com isso? Que, para que haja “domínio do fato’, é preciso comprovar, de fato, que esse fato houve.
Com a saída meramente aritmética usada no balanço da Petrobras, baseada em uma auditoria de uma empresa estrangeira que, na realidade, pelos seus resultados, parece não ter tecnicamente ocorrido, inaugura-se, no Brasil, para efeito do cálculo de prejuízos, uma outra anomalia, a da “teoria do domínio do boato”.

Quem não quer a reforma política?


Essa pergunta cada um de nós precisa fazer. 

A quem não interessa essa reforma, que foi defendida durante a campanha pela Presidenta DILMA?
Em primeiro lugar a mídia comprometida e canalha. Se a reforma política for realizada com a decisão do voto popular (e aqui chamo a atenção - cuidado com a palavra CONSULTA - para que seja PLEBISCITO) será como um bomba que vai implodir todos os esquemas armados até hoje pelos partidos de direita.
A ver:
1) Há uma proposta de voto distrital misto - que é o voto NO PARTIDO, numa lista em que você, após definir o PARTIDO que quer votar, escolhe, nessa lista, o seu candidato. Ou seja, acaba o voto no carinha bonita ou no apresentador de TV. Se ele não for de um partido com PROPOSTAS, já era.
2) Há uma proposta que acaba com o financiamento das empresas. e cria o financiamento público de campanha. Ou seja, TODOS terão o mesmo montante de dinheiro para realizar campanhas. Isso gera corrupção? Talvez. Mas será fácil pegar o corrupto. O controle pode e deve ser feito pela internet.
3) Há uma proposta de que um parlamentar só poderá ter, no máximo 2 mandatos. Assim como o executivo. Imagina quem está lá a 30 anos votar nisso.

Enfim, acabará, DEFINITIVAMENTE, com o controle que os barões da mídia canalha exercem sobre os parlamentares. 

Não é por acaso que um determinado "juiz" está sentado sobre a proibição do financiamento por empresas. Será o fim do monopólio e o fim da mamata que enriquece parlamentares.

Então você não vai ver NENHUM meio de comunicação defender ou noticiar algo sobre a reforma política. Não interessam a eles.

O que você vai ver é o discurso vazio e idiota, dos xoxinhas e neo direitas, que são idiotas úteis a falar de "impitiman".
E ai estou com a maioria.

IMPITIMAN É MEU ZOVOS

    Paulo Morani 
      Jornalista 
MTE - 32999/2011

Onde está o PT?



Para sua reflexão!

Nesses últimos 4 anos, principalmente, vimos assistindo a um ataque feroz ao PT e a DILMA. Mas fortemente ao PT, já que a figura da Presidenta, fácil de ver isso, fica separada do partido.

A necessidade de se “espancar o PT” todos os dias é uma só: barrar qualquer possibilidade de hegemonia do partido no congresso.

Essa ação é orquestrada desde a sua fundação, mas muito mais forte após a chegada do PT ao Governo (ainda não ao poder).

Procura-se desmoralizar o partido desde sempre, porque seu estatuto e sua carta compromisso sempre defenderam os mais pobres, a inversão de prioridades e a participação popular. Tudo isso contrário aos interesses das classes, que até então, dominavam o Brasil.

Essas classes perderam espaço e poder. Ainda possuem poder, mas estão sendo atacados naquilo que lhes era mais caro: a manipulação da Presidência da República, que ia para onde eles queriam.

Manter o PT “pequeno e corrupto” é hoje o principal objetivo. Para isso usam a mídia à vontade. 

Mentem o tempo todo e distorcem qualquer noticia. Não dão uma notícia positiva. Ajudados por alguns do PT que, realmente, deixam a desejar, vão tentando desmoralizar o partido a todo custo.

Mas, como vemos aqui nessa lista não conseguem.
Vejam aonde está o PT - "o mais corrupto"

Os nossos malfeitos são expostos a toda hora. E eles existem mesmo. Todos os que os fizeram ESTÃO PRESOS. Como numa família, os nossos “malfeitos” são punidos, mas acolhidos.

Enquanto isso os malfeitos dos partidos das classes dominantes, sequer são julgados. Juízes, imprensa, empresários, banqueiros, donos de terras, etc. NENHUM na cadeia.

Nosso sistema político tem que mudar. Observem que até o TSE usa a imagem de um político, denegrindo-a. É assim que a população os vê. E, por, isso, elege sempre os mesmos, pois ficam com vergonha de se candidatarem.

Precisamos da reforma política com constituinte exclusiva, para que quem entre, não seja dominado ou cooptado, com promessas vãs. 

E nessa reforma é reforçar os partidos.

Nessa eleição
O que está colocado nessa eleição, claramente, são dois projetos:
Um é de priorizar todo o Brasil, seu povo, sua gente.

O outro, é priorizar uma pequena parcela desse Brasil, que está excluída do governo desde 2002.

Qual você vai escolher?

Paulo Morani
Jornalista - MTBE - 32999/2011

A ira santa de Mino Carta

Numa quase solidão oceânica, ele combate o bom combate.

mino carta editMino Carta é uma referência para os jornalistas brasileiros.
Lúcido, combativo, ativo e dotado de algo que eu chamaria de ira santa.

Mino não se conforma que o Brasil seja tão injusto socialmente, e que a classe a que ele pertence, a dos jornalistas, contribua tão pouco  para mitigar a disparidade.

Mino combate o bom combate numa quase solidão transatlântica.
Para cada Mino, há dezenas de jornalistas que combatem o mau combate. 

 Mas há nele alguma coisa de redenção para os jornalistas:  é como se, mesmo em colossal minoria, Mino representasse o jornalismo brasileiro, e não os inumeráveis escaravelhos que se dedicam a defender um mundo abjetamente desigual e simplesmente insustentável.

Tem todas as virtudes que um jornalista pode ter: é um estilista ao escrever, edita com mestria, dá o título certo para a capa certa.
Mas seu ponto mais alto é a ira santa.

A ira santa dá a Mino um vigor extraordinário. Já quase octogenário, ele encontra tempo, energia e motivação para escrever um romance sobre o mundo que conhece tão bem, o do jornalismo.
O-Brasil-211x300

É conhecida sua baixa opinião sobre o jornalismo brasileiro, e não sou, definitivamente, quem haverá de discordar.  Presumo que o livro – que comprarei – retrate esse universo desolador.

Mino tem voz, e dá voz a quem não tem, os 99%.  Os outros, quase todos, apenas reproduzem a voz dos patrões.
Por isso Mino ficará, e os escaravelhos não.

Por uma São Paulo inteligente


 

Neste artigo, o professor de economia e administração da PUC-SP Ladislau Dowbor discute alguns instrumentos de gestão que poderiam melhorar a vida da população de SP: compartilhamento da informação, planejamento participativo, conectividade embasada nas novas tecnologias, organização comunitária e conselhos de desenvolvimento. A base para tudo isso são o software e a inteligência organizacional, que nem de longe têm os mesmos custos absurdos dos minhocões e piscinões.

 
 
 
 
Para que São Paulo funcione melhor, é preciso melhorar a gestão da cidade. A escala é grande, e os problemas são muitos, mas ao fim e ao cabo se trata de administrar o melhor possível recursos que são limitados, e isto aprendemos a fazer inclusive na nossa própria casa. Há casas, prédios, empresas ou cidades que são bem administrados, outros não. Na realidade, não é a escassez de recursos que é o problema principal, e sim o processo decisório que preside à sua utilização.

Poderíamos aqui fazer um elenco das teorias que existem sobre a administração pública local, os grupos de pressão, a economia regional e urbana. Mas nos pareceu mais simples partir de exemplos concretos, dos problemas práticos do cotidiano da cidade, e tecer em volta deles as mudanças necessárias de governança. Estes problemas ja foram apresentados de maneira mais extensa em outros estudos, mas aqui serão rapidamente tocados com o foco nas medidas de gestão e de governança que implicam.

Informação compartilhada
Imagine que você queira vender a sua casa. Normalmente, você vai ter de enfrentar uma dúzia de corretores, e a não ser por algum golpe de sorte, vai levar um ano, além de transformar a sua casa numa árvore de natal de placas de imobiliárias. A solução é simples: em muitas cidades, os corretores de imóveis que recebem a sua proposta de venda têm 24 horas para colocar a casa na internet, como foto e detalhes como preço (que o eventual comprador hoje trava uma batalha para obter), sob a pena de perderem a licença de corretagem. 
 
No caso do comprador interessado numa casa em determinada região e faixa de preço, é o mesmo sistema, o corretor que recebeu o pedido coloca na internet. O resultado é que todas as propostas de compra e venda de toda a cidade estão permanentemente em contato, em vez de um corretor guardar preciosamente a sua meia dúzia de fichas de compra, e outro a sua meia dúzia de fichas de venda, um evitando cuidadosamente que outro saiba o que tem em mãos. A média de prazo de venda de um imóvel na cidade de Toronto, para dar um exemplo, é da ordem de 10 dias. A comissão é dividida entre quem encontrou um proprietário e quem encontrou um potencial comprador.

É uma medida simples, mas de impactos significativos. O sistema fragmentado atual significa capital imobilizado, tempo perdido para todos, pessoas estressadas, e falta de flexibilidade de adaptação do local de moradia e do local de trabalho ou estudo. Enrijece o fluxo de transações imobiliárias, além de gerar um poder oligopolizado, nas mãos de alguns “donos” do processo, fator de especulação imobiliária que prejudica a todos. As maiores inclusive bancam campanhas de vereadores e prefeitos, e transformam o seu controle de diversos bairros em poder e deformação do processo decisório público. Já houve tentativas pontuais no sentido de se criar um sistema integrado online em São Paulo, mas enquanto não houver uma regulamentação que envolva a todos os atores, continuaremos no sistema irracional atual. A regulamentação exige aqui simplesmente uma decisão do prefeito, ou da Câmara.

O interessante, é que com a maior fluidez de transações, onde foi adotado, o sistema permitiu elevar a renda dos próprios corretores, pois o volume de transações aumenta fortemente. Mas a resistência das imobiliárias é grande, pois não querem dividir a corretagem, e têm receio de outros aproveitarem as suas fichas sem contrapartida. É o tradicional problema do “senta” gritado pelos espectadores de um jogo de futebol, em que ninguém senta, pois quem sentar sozinho fica sem ver o jogo.

Trata-se aqui de um exemplo simples de perda de produtividade sistêmica na cidade, por falta de organização, por atraso dos processos de gestão relativamente às novas tecnologias, e por privilegiar ganhos fragmentados individuais relativamente aos ganhos mais amplos para todos. Sem falar, naturalmente, que na São Paulo realmente existente, os interesses de algumas imobiliárias articuladas com políticos tradicionais podem pesar mais do que o interesse público. No caso, já existem as tecnologias, conhece-se inúmeros exemplos de experiências bem sucedidas, e não se trata de gastar rios de dinheiro: é racionalização gerencial. A simples disponibilização na internet das informações leva a que as imobiliárias, em vez de brincarem de esconde-esconde entre si e cobrarem pedágios elevados, sejam facilitadores e não atravessadores. A disponibilização das informações, gerando transparência dos processos, pode ser um poderoso racionalizador da gestão. E o impacto, numa cidade dinâmica e de grandes distâncias como São Paulo, será evidentemente grande, inclusive porque a rigidez do sistema atual leva a que inúmeros proprietários de imóveis os deixem vazios, quando muita gente carece de moradia adequada ou bem localizada segundo o seu local de emprego.

O exemplo nos leva diretamente ao problema da governança da cidade, do processo decisório sobre a alocação dos nossos recursos. Enquanto as decisões forem centralizadas, pouco transparentes, tomadas entre grupos acostumados ao compadrio e não à gestão dos interesses públicos, dificilmente serão tomadas medidas que favorecem a cidade, mesmo quando são óbvias e baratas. Para que os interesses da cidade apareçam nos processos decisórios, é indispensável resgatar a cidadania. Ou seja, sistemas descentralizados e participativos, e a transparência que assegure a informação cidadã.

Planejamento participativo

Uma direita à procura de um país



 
"A história nos oferece duas lições claras: reduzir a dívida é incrivelmente difícil sem crescimento, e aumentar o crescimento é incrivelmente difícil sem uma pesada carga de dívida pública" (Christiane Lagarde, diretora-executiva do FMI; 12-01-2013).

"Não se pode melhorar a situação fiscal sem que haja crescimento antes" (Shinzo Abe, líder direitista do conservador Partido Liberal, recém indicado primeiro ministro do Japão com uma agenda que inclui: pacote de US$ 115 bi em investimentos públicos; afrouxamento monetária e elevação da meta de inflação; 12-01-2013).

"O Banco Central não mira mais o centro da meta da inflação e aceita uma alta de preços maior para não prejudicar o crescimento. Controla fortemente o câmbio e, para completar, a equipe econômica faz maquiagens nas contas públicas(...) o PT ousou tocar num dogma do governo anterior aclamado pelos economistas". (O Globo; domingo 13-01-2013)

"As bases de uma economia saudável, promissora e atraente para empreendedores de longo prazo estão sendo minadas por uma política voluntarista, imediatista, populista e irresponsável, embalada num mal costurado discurso desenvolvimentista (...) o Executivo decidiu estimular com recursos orçamentários o crédito para investimento (...)numa crescente e perigosa promiscuidade financeira" (Estadão; 06-01-2013)

"A criatividade do Tesouro Nacional para fechar suas contas, com o uso de sucessivas manobras contábeis e brechas legais, criou no Brasil uma contabilidade paralela à oficial que coloca em risco a credibilidade fiscal (...) a economia do setor público para pagar juros da dívida foi no mínimo 35% menor que a oficial em 2012" (Folha de S Paulo; 12-01-2013)

As declarações dos insuspeitos quadros conservadores, Christiane Lagarde e Shinzo Abe, soam, como se vê, quase como provocação no cenário fiscal beligerante criado pelo conservadorismo brasileiro em torno dos gastos do Estado.

A ofensiva busca engessar políticas contracíclicas asfixiando-as num torniquete de ilegitimidade, alarmismo e descrédito.

Articulistas de peso e medida e competem para ver quem dá menos pelo futuro da estabilidade fiscal nas mãos da nova populista do quarteirão: Dilma Rousseff.

Ex-ministros do governo FHC --sob cuja batuta a dívida pública saltou de 30% para 51% do PIB, entre 1995 e 2002; hoje é de 35%-- disparam mísseis alarmistas a partir de bases midiáticas conhecidas.

O conjunto busca abrir espaço para dar sentido e ressonância à candidatura oposicionista em 2014.

O mantra fiscal tem como alvo camarotes e numeradas dirigindo-se, sobretudo, ao dinheiro grosso da finança local e forânea.

Tem pouco ou nenhum apelo aos ouvidos das gerais que por razões históricas legítimas e experiência intuitiva arguta menosprezam o sassarico retranqueiro e cobram o jogo ofensivo em busca de gols.

O dissenso entre uma coisa e outra faz colunistas provectas se comportarem como focas desastradas, torturando fatos e calendários na sôfrega ânsia de entregar a encomenda.

Procura-se a 'manchete popular' capaz de embalar o comboio anti-petista empacado na BR 2014.

Enforcar a reputação de Lula em praça pública? Anunciar a emergência elétrica? Eduardo Campos presidente?

A embreagem exala queimado e os pneus afundam no atoleiro.

Até Lagarde e Shinzo sabem que a camisa de força ortodoxa agrada ao rentismo mas reserva uma espiral descendente intolerável à sociedade e contraproducente ao conjunto da economia.

A direita brasileira está à procura de um país em que faça sentido escalpelar e pedir votos ao mesmo tempo e com igual intensidade.

Desqualificar moralmente o PT e suas lideranças históricas foi o primeiro esticão na tentativa de reconciliar a corda com o pescoço.

FHC advertiu e o diretório midiático rapidamente entendeu: sem fuzilar Dilma naquilo que a distingue, a reordenação do investimento em plena crise mundial, seria quase operar como cabo eleitoral da reeleição.

O 'caos econômico' ocupou o espaço generoso das manchetes reservadas antes ao julgamento da AP 470.

A prova do pudim tem sido um fiasco.

Mas se aos quituteiros da receita amargosa resta pouco mais que insistir no veneno, ao governo chegou a hora de readequar metas, métodos e discurso.

É contraproducente negar o óbvio.

A crise mundial de fato produz o enfraquecimento fiscal do Estado, que arrecada menos e gasta mais.

Mas também adiciona notável transparência aos conflitos de interesses.

Setores produtivos igualmente se dividem entre a sobrevivência industrial, por exemplo, e a preservação da voragem rentista cobrada por banqueiros, acionistas e seus ventríloquos na mídia.

Tudo o que é sólido se desmancha no ar: relações de força se mexem; espaços conquistados deslizam; aliados hesitam

O conjunto torna inteligível e pertinente para toda a sociedade discutir a questão básica do desenvolvimento: produzir o quê, para quem,a que custo e como?

Essa é a agenda que pode devolver ao governo a limpidez de um discurso que não apenas legitima suas iniciativas, como abre espaço para ir além delas, subtraindo terreno ao fiscalismo regressivo e alarmista.null
Postado por Saul Leblon