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MOROGATE: CPI da Vaza Jato
MOROGATE: O casamento por conveniência de Bolsonaro e Lava Jato: combate à corrupção era fachada
1 de Setembro de 2019, 10h13
Por mais
que
Bolsonaro e Sergio Moro finjam que não, a crise no casamento entre bolsonarismo
e lavajatismo parece irreversível. Se durante a campanha eleitoral um se alimentou
do outro, agora, com Bolsonaro no poder, as duas correntes começam a bater
cabeça.
Nas últimas semanas, o presidente tem se empenhado em sabotar Moro e
controlar as rédeas da Lava Jato. O ex-superministro viu seus poderes sendo
esvaziados e tem sido tratado com desprezo pelo presidente. Foram várias
declarações, gestos e decisões que contrariam a cartilha lavajatista.
Os
procuradores da Lava Jato estão indignados. Para eles, o presidente não está
cumprindo a promessa de campanha de proteger a Lava Jato e ser implacável
contra a corrupção. Dallagnol afirmou em entrevista:
“O
presidente Jair Bolsonaro, ao longo da campanha eleitoral, se apropriou de uma
pauta anticorrupção. (…) Agora, o que nós vemos é que ele vem se distanciando
desta pauta de quando coloca em segundo plano o projeto anticrime do juiz
federal Sergio Moro. Ele coloca em segundo plano quando ele faz mudanças no
Coaf e desprestigia o auditor da Receita Federal Roberto Leonel, que trabalhou
na Lava Jato”
Ora, quer
dizer que os experientes procuradores acreditaram nas promessas de um candidato
amigo das milícias que ostenta um vasto currículo no ramo das rachadinhas e do
funcionalismo fantasma? É claro que não. Sejamos claros: a Lava Jato topou
conscientemente embarcar na candidatura Bolsonaro porque viam nele a grande
chance de evitar a vitória do PT. Apenas isso.
Não que
Bolsonaro fosse o candidato dos sonhos dos lavajatistas. Alguns procuradores o
chamavam de “Bozo” nos chats do Telegram. Mas o ódio aos petistas — confirmado
pelo deboche com que os procuradores tratavam as mortes de
parentes de Lula — era muito maior que a rejeição a Bolsonaro.
Foi o
antipetismo que selou a união entre o lavajatismo e o bolsonarismo, e não a
preservação do combate à corrupção.
O antipetismo era a cola que unia
o bolsonarismo e a Lava Jato.
Numa das conversas no Telegram
durante a campanha eleitoral, uma procuradora se disse “muito preocupada com
uma possível volta do PT” e que rezaria muito para que isso não acontecesse.
Dallagnol respondeu “Reza sim. Precisamos como país”.
O candidato mais bem
posicionado nas pesquisas era Bolsonaro. Essa
semana, o procurador Carlos Fernando Lima confessou que Bolsonaro era o candidato preferido
entre os procuradores da Lava Jato e se mostrou decepcionado com a escolha:
“Existem
lavajatistas que são a favor do Bolsonaro, evidente. Muito difícil seria ser a
favor de um candidato (Haddad) que vinha de um partido que tinha o objetivo
claro de destruir a Lava Jato.”
“Fernando
Haddad representava justamente tudo aquilo que nós estávamos tentando evitar,
que era o fim da operação. Agora, infelizmente, o Bolsonaro está conseguindo
fazer”
Ou seja,
o procurador usou o medo do PT para justificar o apoio a Bolsonaro. Curioso
lembrar que há três anos, às vésperas do impeachment, o mesmo Carlos Fernando elogiou o modo como os
governos do PT deram autonomia e condições técnicas para a Lava Jato trabalhar:
“Aqui
temos um ponto positivo que os governos investigados do PT têm a seu favor. Boa
parte da independência atual do Ministério Público, da capacidade técnica da
Polícia Federal decorre de uma não intervenção do poder político, fato que tem
que ser reconhecido”.
Um ano
antes dessa declaração, Dilma havia reconduzido Janot, um parceiro da Lava
Jato, à PGR, enfrentando a pressão de Eduardo Cunha e do PMDB
para que indicasse outro nome. Nessa época, grandes líderes do PT já estavam
presos e outros tantos prestes a ser condenados.
O fato agravou a crise entre
Dilma e Cunha e o MDB, o que acabaria culminando com o impeachment. O temor
alegado por Carlos Fernando, portanto, não se justifica.
Os
governos do PT tiveram problemas de sobra, mas obstruir a Lava Jato não foi um
deles, como atestado pelo próprio procurador. Fica claro que a adesão ao
bolsonarismo não foi por autopreservação como ele hoje quer dar a entender.
Bolsonaro
pegou carona na popularidade da Lava Jato. O fato dele não ter aparecido nas investigações (Paulo Guedes apareceu, mas foi poupado) da
operação foi o seu maior trunfo eleitoral.
Ele pôde se apropriar da narrativa
anticorrupção e se apresentar como o homem que nos salvaria da velha política.
Agora, no poder, a Lava Jato já não interessa mais. Além da fritura lenta a
qual Moro está sendo submetido, Dallagnol agora é chamado de “esquerdista estilo PSOL”
em texto compartilhado pelo presidente.
O tiozão
desbocado que vociferava contra a velha política não era apenas o candidato
escolhido pelos procuradores da Lava Jato, mas um produto construído por eles
ao longo dos anos. Se em boa parte do tempo essa construção se deu de forma
inconsciente, a partir das eleições se tomou a decisão política de apoiá-lo,
ainda que de forma subterrânea. A força-tarefa não apenas pavimentou o caminho,
como é co-autora da chegada do bolsonarismo ao poder.
Com o
apoio da imprensa, a Lava Jato arrasou a classe política brasileira, minou os
partidos e preparou o terreno para o picareta do baixo clero surgir reluzente
em meio aos escombros.
O
antipetismo era a cola que unia o bolsonarismo e a Lava Jato.
Com Lula preso e
o PT enfraquecido no jogo do poder, o antipetismo virou uma alegoria que só
serve pra atiçar a manada das redes sociais. Na vida real da política, usar o
espantalho do PT já não tem mais tanta serventia. Se antes a união entre as
duas correntes era interessante para as duas, agora já não é mais. As máscaras
caíram, e a realidade se impôs: nem a Lava Jato é imparcial, nem Bolsonaro é
implacável contra a corrupção.
Dallagnol
planejava criar um
monumento para homenagear a Lava Jato. Nos seus sonhos, a escultura seria
formada por dois pilares caídos e um em pé. O em pé simbolizaria a Lava Jato,
enquanto os caídos representariam o sistema político e o de justiça. Ficou
faltando um outro pilar em pé: o do bolsonarismo.
O RETORNO DO PONHA-SE NO SEU LUGAR!
O porque
de tanto ódio à esquerda!
A busca do motivo desse ódio tem me levado a pesquisas sem fim.
Confesso que não tem sido fácil encontrar a motivação para esse sentimento.
Entendo, inclusive, que esse sentimento se voltou contra os trabalhadores e
contra, principalmente, os mais pobres.
Nessa procura me deparo com um livro que entendi que podia me
ajudar. O principio de Noé, é o nome do livro de Michel Lacroix, 1997. Nele descubro uma palavra que é o ponto de
partida para essa análise que estou fazendo agora, que me parece é um caminho
para essa compreensão.
Vamos lá.
Promovido pelos governos de LULA e DILMA e por vários governos
estaduais de esquerda, as pessoas de classe mais pobre e classe média baixa,
obtiveram acesso a bens e serviços que antes eram acessados apenas pelos mais
abastados. Passagens aérea, alguns acepipes, acesso a escolarização, indo de
alfabetização até ao acesso à universidade.
No quesito moradia, então, foi mais contundente. Ao promover
o "Minha Casa Minha Vida" (essa expressão era brilho nos olhos das pessoas) fez com
que essas classes menos abastadas conseguissem que o sonho da casa própria
deixasse de ser um sonho. Além de tudo isso, os vários projetos permitiam às
pessoas alcançar acesso a coisas que antes eram impensáveis.
Empréstimo consignado a juros baixos, poder de compra
aumentado a ponto de comprar carro, acesso a luz elétrica em rincões onde antes
nada chegava, o projeto das cisternas para o nordeste mais sofrido, culminando
com a Transposição do Rio São Francisco, obra desejada a séculos e finalmente
realizada. Não pretendo citar aqui todos os benefícios, pois são conhecidos,
principalmente pelos opositores que odiaram tudo isso. E aí passo aqui a
relatar o porquê desse ódio.
Tudo isso provocou a “ISOTIMIA”. A isotimia na morte é
completa, ninguém pode se sentir superior ao outro. (do dicionário). Ou
seja, promoveu uma sensação de igualdade que somente era encontrada pelos mais
pobres na morte. Ah, na morte todos somos iguais, dizemos todos, o tempo todo.
Não, isso passou a ser sentido na vida, no dia-a-dia dos brasileiros. Todos se
lembram da expressão de uma pessoa: “aeroporto virou rodoviária”. A Danuza Leão
foi clara quanto a isso; “não tem mais graça ir a Paris, chego lá e encontro a
empregada”.
Isso despertou nas
classes mais altas o ódio enrustido, e numa classe média raivosa, que não
consegue mais se identificar com a classes menores, e sonha ser da elite. A
empregada usa, hoje ainda, o mesmo perfume de sua patroa.
Esse ódio tem nome.
MEGALOTIMIA. Vejamos o que dizem os dicionários: As pessoas têm mania de
grandeza e isso as leva a todos tipos de comportamento exagerado. Elas se
sentem superiores aos outros, mentem sobre sua própria realidade
e manipulam aqueles que se encontram ao seu redor. Este tipo de comportamento é
um transtorno de personalidade conhecido como megalomania. O termo
vem do grego, mais particularmente do prefixo mega, que significa grande; e de
mania que equivale à loucura. Em resumo, a megalomania é uma condição
psicopatológica caracterizada por fantasias delirantes e autoestima
desproporcional.
Foi isso que o
PT e os governos de esquerda despertaram nas elites e naqueles que se achavam
da elite. Esse ódio é patológico. Imaginem esses “pobres” serem iguais a nós. O
pior disso tudo é que grande parte de classes inferiores também foram
atingidas por essa “doença”. Grande parte por não conseguirem alcançar todas as
benesses. Eles também se sentiram “inferiorizados”, ou na verdade, IGUALADOS. Daí
muitas categorias de trabalhadores ao perceberem os IGUAIS a eles não suportaram.
Seria o “ponha-se no seu lugar” que tantos conhecemos.
Essa sensação de
igualdade total, alcançada pelo menos abastados, fez com que aflorassem todos os
ódios enrustidos durante todos esses anos. Ao invés de celebrarmos que “somos
todos iguais e todos podemos ter acesso a tudo”, entramos no processo da
MEGALOTIMIA, que é patológico. Pode parecer simplório, mas essa explicação me
contempla para entender tudo o que está acontecendo.
A alegria de
pessoas ao constatar a perda de direitos. A votação expressiva de pessoas que
faziam apologia a essa “diferença” (pobre é pobre, rico é rico – não podem ser
iguais nunca). Estamos vendo a destruição de tudo o que foi construído. Uma
pessoa que obteve da maioria de quem votou nele, o respaldo para destruir mesmo
todas essas IGUALDADES. Ou seja, ressaltar a MEGALOTIMIA, a cada dia, é o
objetivo.
Com a estratégia
de dizer que tudo foi feito, roubando, hoje eles destroem tudo o que se
conquistou, roubando e corrompendo de forma até mais agressiva. Mas como é
patológico, as pessoas ainda não se deram conta, pois elas estão atingidas por
esse ódio que foi desenvolvido anos e anos por quem nunca aceitou essa igualdade.
A classe dominante
reagiu a essa igualdade batendo forte e usando de todas as estratégias para
convencer que essa igualdade era irreal. Que essas pessoas mais pobres deviam
se contentar em ser o que são. Que ascensão social era balela. Filho da
empregada não pode estudar na mesma universidade de filho do patrão. E, pior,
filho de empregada não pode tirar a vaga do filho do patrão.
Esse ódio de
classes foi canalizado e usado para conquistar a população de mais baixa renda,
que no fundo, não se sentia tão igual assim. Enfim, todo esse ódio foi
canalizado por uma classe política, que também não aceitava essa igualdade.
Estão promovendo a destruição de tudo o que foi feito de bom. Apenas no Nordeste
ainda se cultiva a ISOTIMIA, mas mesmo lá, ainda há uma forte manifestação da
patologia MEGALOTIMIA.
Precisamos
encarar essa situação como uma doença e que tem como representante no poder,
um ser totalmente despreparado e DOENTE. Um MEGALOTIMIO declarado. Portanto
olhar essa patologia seriamente e começar a tratá-la assim nos levará a conversar
com as pessoas de um modo diferente. É claro que precisamos difundir isso para
que se tome consciência de que é uma patologia.
O mais perigoso
disso tudo é que essa patologia é uma ameaça, concreta, a DEMOCRACIA.
Vejam com
age o mandatário eleito. O tempo todo agredindo as pessoas e agredindo a democracia.
A democracia nasce exatamente a partir da ISOTIMIA, onde todos são iguais
perante a TUDO. A destruição disso é o que vem sendo construído já há algum tempo,
sem que pudéssemos perceber. Então o que
vemos hoje é a volta do “ponha-se seu lugar”.
Paulo Morani
23/08/2019
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