by bloglimpinhoecheiroso |
Lino Bocchini, via Desculpe a nossa falha
O disputa jurídica Folha ×
Falha vai ser julgada em 2ª instância na quarta-feira, dia 20, pela 5ª
turma de desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo. Você pode
se perguntar: “Ótimo, sorte pra vocês. Mas o que essa briga da Folha
com a Falha tem a ver comigo?”. Tudo. É fácil entender, por gentileza
perca mais dois minutos e leia esse texto até o final. Segundo o próprio
juiz de 1ª instância, Gustavo Coube de Carvalho, trata-se de um caso
sem precedentes no Brasil. Nunca antes um grande veículo conseguiu tirar
do ar judicialmente um site ou blog que o criticasse. Na ausência de
jurisprudência em solo nacional, o magistrado chegou a citar casos dos
EUA, onde, aliás, paródias assim são permitidas.
A
alegação central da empresa da família Frias é a de que a Falha fazia
“uso indevido da marca”, e que o logotipo e o nome registrado eram
parecidos demais com os originais. Acontece que para toda blogosfera nacional, para a organização Repórteres sem Fronteiras, pro relator da ONU para a liberdade de expressão, para o Financial Times e outros veículos internacionais de peso, pro Marcelo Tas, para deputados federais de dez partidos, pro Gilberto Gil e até para Julian Assange, paródias e críticas como as feitas pela Falha não são motivo para censurar ninguém.
Há quase 100 anos, Barão de Itararé satirizou o jornal A Manhã criando a A Manha. De lá pra cá, dezenas de outros casos, no Brasil e no exterior, foram na mesma linha – lembra da Bundas de Zirado, que parodiava a Caras? E, desde os tempos do Barão de Itararé, ninguém censurou ninguém. Mas aí vieram os barões de Limeira.
Estamos
fora do ar a pedido do jornal desde outubro de 2010, com uma ameaça de
multa diária de R$1 mil caso voltemos. O juiz que concedeu a liminar foi
até “bonzinho”: o pedido original da Folha era de uma multa de
R$10 mil por dia se continuássemos no ar com nossas críticas. Esse site,
o Desculpe a Nossa Falha, não contém nada do que estava no site
original.
Em 1ª instância, o final da censura foi negado, e agora vamos
ao segundo round. A decisão final abrirá uma jurisprudência, ou seja: em
casos semelhantes no futuro, os juízes devem basear sua decisão em um
caso anterior semelhante já julgado em definitivo. O que for decidido na
batalha Folha × Falha vai balizar decisões futuras. E é aí que mora o perigo.
O embate central é entre a versão da Folha,
que pratica censura travestida de proteção à marca versus a versão da
fAlha, que evoca a liberdade de expressão. Em caso de vitória do jornal,
o precedente que se abre é tão grave que joga contra a própria empresa,
que poderá ser processada e condenada em publicação de algumas charges
ou colunas do Zé Simão, por exemplo.
A própria advogada Taís Gasparian,
que assina o processo de 88 páginas contra nós (irmãos Mário e Lino
Bocchini), em 2009, fez outra avaliação. Ao defender José Simão contra
um processo que tentava censurá-lo, escreveu: “Tratar o humor como
ilícito, no fim das contas, é a mesma coisa que censura.” Assinamos
embaixo.
Defesa pública da censura
O
julgamento da quarta-feira, dia 20, será interessante. Começará às 9
horas e haverá sustentação oral dos advogados de cada parte. Será a
primeira vez, desde o começo do processo, que algum representante da Folha
vai falar, defendendo a censura publicamente. Qualquer um pode
assistir, é só estar na 5ª turma do TJ/SP às 9 horas. A presença da
imprensa também é permitida, naturalmente. E, a exemplo do julgamento do
chamado “mensalão”, seria muito interessante uma transmissão ao vivo,
mas, para isso, algum veículo de imprensa tem que solicitar ao TJ, e o
mesmo deve autorizar.
Por
fim, um pedido singelo: por favor ajude-nos a divulgar o caso.
Reproduza esse texto em seu blog, Facebook e Twitter. Ou então escreva
sobre o tema com suas próprias palavras. Se animar, de repente, vá
acompanhar o julgamento ao vivo.
Por motivos óbvios, a imprensa convencional irá ignorar o caso. Daí nosso apelo. Obrigado.
SERVIÇO
Sessão de julgamento da Folha × Falha
Data: 20 de fevereiro, quarta-feira
Horário: 9 horas
Local: Palácio da Justiça de São Paulo
Endereço: Rua Boa Vista, 20, 5º andar, sala 511
Lado esquerdo das escadarias da Estação Sé do Metrô